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Tavira: resposta do Governo insuficiente face à dimensão dos incêndios


1- A Comissão Concelhia de Tavira do Partido Comunista Português declara a sua profunda solidariedade para com as populações atingidas pelos incêndios florestais, saúda e valoriza o empenhamento dos bombeiros, dos membros das Brigadas Florestais, dos militares, guardas e outros agentes florestais, das populações que estiveram envolvidos no combate aos fogos e todos aqueles que, de uma forma ou de outra, estiveram envolvidos na ajuda aos bombeiros (seja através da entrega de mantimentos, seja da sua confecção).

2- Segundo dados divulgados e que carecem ainda de um apuramento mais completo, ardeu mais de um terço do concelho de Tavira. Uma verdadeira catástrofe que atingiu em primeiro lugar as populações, mas também o conjunto da actividade económica, a começar na exploração da cortiça (cuja área foi profundamente afectada) e a acabar no turismo, para além dos elevados custos ambientais.

3- A dimensão desta catástrofe é inseparável de décadas de abandono da floresta portuguesa, das políticas que conduziram à desertificação da serra algarvia, da falta de investimento na agricultura e nos sectores produtivos, para lá, da reconhecida falta de coordenação que se verificou – pese embora a abnegada entrega dos bombeiros – nos meios operacionais de combate. Uma realidade que se repete ciclicamente e que por mais que alguns tentem, não pode deixar de responsabilizar os sucessivos governos – do PS, PSD e CDS - pelas opções que foram tomando ao longo dos anos e a que este governo está a dar continuidade.

4 – Face à dimensão deste incêndio governo veio anunciar um conjunto de intenções vagas e uma verba – 300 mil euros - que, face à dimensão dos prejuízos, não pode deixar de ser considerada insuficiente. A Comissão Concelhia de Tavira do PCP considera que são necessárias um conjunto de medidas de resposta urgente às populações que ficaram sem casa nem bens; de reposição do potencial produtivo das explorações agrícolas afectadas, instalações industriais e comerciais, com indemnizações adequadas; e a declaração do estado de calamidade pública em todas as freguesias onde a dimensão da catástrofe o justifique.

A situação financeira do país – sempre invocada quando é para cortar direitos às populações e sempre escondida quando se trata de garantir apoios à banca e aos grupos económicos – não pode servir de pretexto para adiar ou comprometer, tudo quanto urge ser feito.

5 – A Comissão Concelhia de Tavira do PCP, considera ainda que, para que esta tragédia se não repita, para que as promessas de agora não sejam esquecidas – como foram as de incêndios anteriores no Algarve – é necessário proceder a uma ruptura com as políticas agro-florestais que têm sido impostas. Como sempre alertámos, o cerne do problema era e é o estado da floresta e das matas portuguesas. É possível travar este flagelo. Tal acontecerá com a valorização da actividade agrícola e florestal, com o apoio à pequena propriedade, com o investimento público adequado em meios e recursos humanos, com outra organização do dispositivo de combate e a convocação e o envolvimento de todas as entidades e agentes mais directamente interessadas e preocupadas com o problema dos incêndios florestais – produtores florestais e compartes dos baldios e as suas associações, corpos de bombeiros, municípios, departamentos de instituições universitárias.

A Comissão Concelhia de Tavira do PCP